Cada um tem seu anjo para cuidá-lo, terá também...

Cada um tem seu anjo para cuidá-lo, terá também...

Se cada um tem seu anjo para cuidá-lo, terá também um diabinho para atormentá-lo?

Seria verdade que Satanás indica um “diabo pessoal” para cada um de nós?

O popular escritor cristão C. S. Lewis escreveu em 1942 o fascinante livro The Screwtape Letters – que, em português, foi traduzido com vários títulos alternativos: “As Cartas do Coisa-Ruim”, “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, “Cartas do Inferno” (os três no Brasil) e “Vorazmente Teu” (em Portugal). Saiba mais sobre essa obra imperdível neste outro artigo.

Trata-se de uma sátira religiosa escrita do ponto de vista de um “diabo velho” que dá aulas sobre como tentar os seres humanos. O aluno é seu sobrinho, um diabo “iniciante”.

Mas será que, assim como Deus atribui um anjo da guarda a cada pessoa, também Satanás indica um “demônio particular” para cada um de nós?

O Catecismo da Igreja Católica explica que Satanás não esteve sozinho na sua rebelião contra Deus. O número 414 explica que Satanás e os outros demônios são anjos caídos que, com plena consciência e liberdade, se recusaram a servir a Deus e ao Seu plano. A escolha deles contra Deus é definitiva, justamente porque, sendo anjos, tinham total conhecimento do que estavam fazendo. O diabo e seus anjos caídos, além disso, tentam constantemente associar o homem à sua revolta contra Deus.

A queda de Satanás é mencionada no livro do Apocalipse. São João escreve que “ele foi lançado à terra e seus anjos foram derrubados com ele” (cf. 12, 9).

Fora isso, muito pouco é conhecido de modo definitivo sobre o diabo. É uma verdade de fé que uma horda de anjos se rebelou contra Deus, mas o número desses demônios é desconhecido. Também não se sabe se o diabo atribui “demônios particulares” a cada ser humano.

Com base bíblica, sabemos que muitos demônios estão tentando ativamente nos afastar de Deus. O Evangelho de Marcos nos conta que Jesus exorcizou um homem possuído por uma “legião” de demônios (cf. 5, 9). No tempo de Jesus, uma legião romana era formada por 3.000 a 5.000 soldados, o que significa que, se tomarmos o termo ao pé da letra em seu sentido militar, pelo menos 3.000 demônios estavam atormentando um único indivíduo!

Jesus também expulsou sete demônios de Maria Madalena, conforme foi brevemente mencionado pelo mesmo São Marcos (cf. 16, 9).

Parece ser da natureza do mal, então, cercar a sua presa como uma alcateia.

A boa notícia é que Deus é mais poderoso que qualquer legião de demônios.

Jesus deu a entender que há um grande número de anjos bons a seu comando quando declarou que bastaria pedir ao Pai para que Ele enviasse imediatamente “mais de doze legiões de anjos” (cf. Mateus 26, 53). É claro que os números, na tradição judaica e em toda a Sagrada Escritura, são metafóricos, mas, se de novo tomarmos o termo “legião” literalmente, Jesus está dizendo que o Pai pode enviar 60 mil anjos para ajudá-lo!

Além de contarmos sempre com o nosso anjo da guarda ao nosso lado, Deus pode nos enviar quantos anjos quiser se assim pedirmos em nossos momentos de necessidade.

Portanto, ainda que algum demônio tenha sido “designado” por Satanás para nos tentar e atormentar, não temos motivo para temer se vivemos em estreita união com Deus.

São Paulo resumiu muito bem na sua carta aos romanos: “Se Deus é para nós, quem será contra nós?” (8, 31).