As noviças do Mosteiro de Lisieux, ouvindo Santa Teresinha falar sempre no seu pequenino caminho da infância espiritual, perguntaram-lhe um dia:

“Que é preciso fazer para se ter o espírito de infância? Que é se fazer pequenino, ficar pequenino?”

Responde a santa (1):

“Ficar pequeno é reconhecer o próprio nada,tudo esperar de Deus, não se afligir com as suas faltas, porque as criancinhas, seca em muitas vezes, por serem pequenas, pouco se molestam; é desprender-se da riqueza e com coisa alguma se inquietar. Entre os pobres, o pai dá ao filho, enquanto, pequeno tudo que lhe é necessário, mas, quando este cresce, não quer mais sustentar e lhe diz: – Já te podes manter agora com teu trabalho. Pois bem, é para não ouvir essa linguagem que não quero crescer, de modo a me julgar sempre incapaz de ganhar a minha vida eterna! Ficar pequeno é, ainda, não se atribuir o mérito das virtudes praticadas, mas reconhecê-las como retiradas de um tesouro posto por Deus nas mãos de seu filhinho, para dele se utilizar quando tiver necessidade”

Como isso simplifica a vida espiritual, evitando complicações desesperadoras e angústias, nas quais se debatem tantas pobres almas, sequiosas de perfeição, mas amedrontadas com o rigor da Eterna Justiça. Não nos ordena Nosso Senhor que nos façamos pequenos para entrar no Reino dos Céus? E uma criancinha pode ter medo de um Pai tão Misericordioso? Ah! Matemos esse orgulho de julgar-nos sempre grandes e que, até na prática da virtude, infiltra-se com sutileza, fazendo com que nos julguemos capazes de muito, ou já adiantados, quando somos, na realidade, ainda tão pobres e miseráveis! Façamo-nos pequeninos, bem criancinhas, humildes, pobres, abandonados à Misericórdia Divina! É tão bom ser pequeno e humilde! Como se inunda o coração de paz quando se vive assim, como criancinha, na vida espiritual!