EFICAZ MEIO DE SANTIFICAÇÃO
Quando nos abstemos de pronunciar palavras ociosas ou banais, quando nos silenciamos para ouvir sábios conselhos ou ler palavras para nosso enriquecimento intelectual ou espiritual, evitamos o pecado e nossa alma ouve melhor a voz da graça, fica mais propícia a enfrentar com coragem as dificuldades da vida, aprende a elevar a mente a Deus e viver em sua presença. É o silêncio, portanto, um eficaz meio de santificação.
Quem sabe falar com moderação pratica as virtudes com mais facilidade. "É o silêncio que nos faz humildes, que nos faz sofridos, que nos leva a contar somente com Jesus ao passar por uma dor, para que Ele, também em silêncio, nos cure sem que os outros saibam. O silêncio é necessário para a oração. Com o silêncio é difícil faltar com a caridade; com ele se agradece, mais do que com palavras, o amor e o carinho de um irmão",6 diz São Rafael Arnáiz.
"É o silêncio guardião da religião e nele está nossa fortaleza",7 afirma o grande São Bernardo. Aqueles que desfrutam deste silêncio nesta Terra, tudo suportam, são desapegados das coisas sensíveis e meramente materiais, e gozam, de alguma maneira, da bem-aventurança eterna.
Afastar-se do bulício para ouvir a Deus
O Antigo Testamento relata, por exemplo, a prescrição divina aos israelitas, dada a Moisés, de "apresentarem suas ofertas ao Senhor no deserto" (Lv 7, 38), o qual é símbolo de isolamento, solidão e silêncio. E conta que Judite, ao enviuvar-se, tinha feito "no andar superior de sua casa um quarto reservado para si, no qual se conservava retirada com suas criadas" (Jt 8, 5). Ali, no recolhimento, fazia penitência e jejuns, em uma vida de relacionamento com Deus.
Com efeito, para viver de Deus, com Ele e para Ele, muitas pessoas abandonam o bulício do mundo e abraçam o isolamento, pois assim se escuta melhor sua voz. "Os maiores Santos evitavam, quanto podiam, a companhia dos homens, e escolhiam viver para Deus".2 Não é sem razão que São João da Cruz ensina: "Uma Palavra disse o Pai, que foi seu Filho; e di-la sempre em eterno silêncio e em silêncio há de ser ouvida pela alma".3