Ajudemos as almas benditas
Não devemos pensar só no nosso destino pessoal, mas também nos perguntarmos como podemos ajudar aquelas almas que já estão à espera da libertação. Elas não podem fazer nada por si, pois estão impossibilitadas de alcançar méritos, e dependem de nós. Interceder por elas é uma belíssima e valiosa obra de misericórdia: de certo modo, não há ninguém mais carente do que diversos Padres da Igreja promoveram essa prática, como São Cirilo de Jerusalém, São Gregório de Nissa, Santo Ambrósio e Santo Agostinho. No século XIII, o Concílio de Lyon ensinava: “As almas são beneficiad elas. O costume de rezar pelas almas dos falecidos vem do Antigo Testamento.
Tambémas pelos sufrágios dos fiéis vivos, quer dizer, o sacrifício da Missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade, as quais, segundo as leis da Igreja, os fiéis estão acostumados a oferecer uns pelos outros”.
Como é bela a devoção às benditas almas do Purgatório! É agradável a Deus e nos beneficia também, levando-nos à verdadeira dimensão cristã da existência, fazendo-nos viver em contato e comunhão com o sobrenatural, e com o futuro, no sentido mais pleno da palavra. Como essas pobres almas nos ficarão agradecidas ao receber nosso auxílio! Poderão ser nossos parentes, ou até mesmo nossos pais. Poderá ser alguém que não conhecemos, e que nos dará uma afetuosa acolhida na eternidade. No Céu, e enquanto ainda estiverem no Purgatório, elas rezarão por nós, com todo o empenho, pois Deus lhes dá essa possibilidade.
Concluindo, gostaria de fazer ao prezado leitor uma proposta: reze por essas almas necessitadas, ofereça- lhes Missas, dê esmolas por elas, faça sacrifícios e consiga que outras pessoas se tornem devotas fervorosas das almas benditas. Sabe quem será o maior beneficiado? Você mesmo!
Fontes documentais sobre o Purgatório
A doutrina católica sobre o Purgatório foi definida em especial no Concílio de Florença (1438-1445) e no de Trento (1545-1563), com base em textos da Escritura (2Mc 12,42-46; 1Cor 3,13-15) e da Tradição, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (n.1030-1031).
A Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, aborda a questão em seu número 50: “Orações pelos defuntos, culto dos santos”. Em sua solene profissão de fé intitulada Credo do Povo de Deus, feita em 30 de junho de 1968, o Papa Paulo VI inclui as almas “que se devem ainda purificar no fogo do Purgatório” (n. 28).
O Papa João Paulo II refere- se ao Purgatório em vários documentos: – Mensagem ao Cardeal Penitenciário-Mor de Roma, 20/3/98; – Carta ao Bispo de Autum, Châlon e Mâcon, Abade de Cluny, 2/6/98; – Audiência Geral de 22/7/98; – Audiência Geral de 4/8/99; – Mensagem à Superiora Geral do Instituto das Irmãs Mínimas de Nossa Senhora do Sufrágio, 2/9/2002.
No dia 2 de novembro, quando a Igreja comemora o dia de finados, os fiéis católicos que visitarem piedosamente uma igreja ou um oratório podem aplicar indulgência plenária às almas do purgatório.
A indulgência poderá ser conseguida no próprio dia de finados ou, ou com o consentimento do Bispo, no domingo anterior ou posterior, ou na solenidade de Todos os Santos. Esta indulgência está incluída na Constituição apostólica Indulgencia doctrina, na norma número 15.
Para se obter qualquer indulgência plenária são necessárias algumas condições: rezar um Pai Nosso, um credo, uma ave-maria e um Glória pelas intenções do Santo Padre. Além dessas orações pelo Sumo Pontífice, deve ser feita ainda uma confissão sacramental e a comunhão eucarística.
Com uma só confissão sacramental, podem-se ganhar várias indulgências plenárias. Com cada comunhão eucarística e cada oração pelas intenções do Sumo Pontífice pode-se obter uma indulgência plenária.
As três condições podem ser cumpridas alguns dias antes ou depois da execução da obra prescrita: mas convém que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra. O fiel poderá acrescentar em suas orações qualquer outra fórmula, segundo sua piedade e devoção.
Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p.111 à 118 e 129 à 137.
Revista Arautos do Evangelho, Nov/2006, n. 59, p. 34 a 37