A primeira virtude teologal, na pequenina via da infância, tem o encanto e a simplicidade que caracterizam o espírito de Santa Teresinha. Essa virtude é a fé pura, ardente e heroica: pura, simples e sem ilusões, como a da criancinha, que crê sempre, sem hesitação, em tudo o que lhe dizem os pais; ardente, viva, capaz de fazer dar o sangue e a vida por um só artigo de fé; e, sobretudo, heroica. As tentações contra a fé constituem uma provação dolorosa, um verdadeiro martírio. Como sofre a pobre alma que se vê submersa em tão horríveis trevas! O anjo do Carmelo experimentou essas angústias durante longos anos. A cada tentação, respondia ela com um ato de fé, podendo-se avaliar o que sofreu pelo seguinte, que deixou escrito na História de uma Alma:

“Pronunciei mais atos de fé no espaço de um ano do que em toda a minha vida passada”

Ocorriam-lhe os pensamentos mais grosseiros e do mais estúpido materialismo. O Céu lhe parecia fechado em trevas. Eis como ela nos ensina a combatê-los (1):

“A cada nova ocasião de combate, quando o inimigo me quer provocar, procedo com valor. Como sei que o duelo é uma covardia, não enfrento o adversário, dou-lhe sempre as costas e corro, pressurosa para Jesus, a assegurar-Lhe que estou pronta a derramar todo o meu sangue pela afirmação de que há um Céu, a dizer-Lhe que me considero feliz por me ser dado contemplar, desde esta terra, com os olhos da alma, esse mesmo Céu, tão belo, que me espera, a fim de que se sirva ELE franqueá-lo, por toda eternidade, aos pobres pecadores”

Amar a Nosso Senhor, amá-Lo da profundeza da alma, e sentir-se nas trevas de horríveis tentações contra a fé, privado de todo consolo, vivendo num deserto de aridez cruciante, –tal foi o martírio de Santa Teresinha, que tanto consola as almas provadas na fé:

“É tão doce – dizia ela (2) – servir ao bom Deus, na noite e na prova! Só temos esta vida para viver de fé!”

Se a fé só existe nesta vida, por que não há de ser provada para que se torne mais firme e cheia de méritos?